Levi Freire Jr no Museu do Louvre - Paris - França. A famosa Pirâmide Invertida que foi bem destacada nas paginas do Livro "O Código da Vinci" de Dan Brown |
Queridos,
Fui agraciado por Deus com vários dons, e sabemos que dons são presentes. Dentre eles, fui presenteado com uma profissão que me fez e faz conhecer pessoas, lugares, aromas, sabores e sentimentos dos mais diversos. Parafraseando o grande rei Roberto Carlos “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”. Declaro que vivi momentos maravilhosos ao longo destes 15 anos de atividade turística, vivi todos os tipos de lágrimas: de emoção, de tensão, de ansiedade, de medo, e de tristeza e de muitas alegrias!
Quando decidi partir paras as atividades jurídicas, muitos me disseram: “você é
louco de deixar uma profissão maravilhosa aonde você recebe para passear”. As
duas afirmativas estão equivocadas. A primeira é que nunca deixei o turismo e a
segunda é que o guia não passeia, não da forma como muitos pensam (risos), o
guia é o profissional responsável por acompanhar, orientar, informar e
principalmente solucionar conflitos e eventualidades que possam ocorrer ao
longo de uma viagem, a responsabilidade é eeeeenoooorme. Em todos os sentidos.
Lembro-me de vários momentos emocionantes ao longo de minha carreira, dentre
eles, o de uma senhora que escolheu os meus ombros para derramar suas lágrimas
e dizer: “Levi, por toda minha vida sonhei em entrar na Basílica de São Pedro
(Vaticano) e agora estou aqui, muito obrigada”. Outra situação foi a de uma
senhora que ao desembarcar no aeroporto de Lisboa começou a chorar, e eu
agoniado perguntei se ela estava passando mal e ela me respondeu: “Não Levi,
pelo contrario, estou muito bem, pois, sempre sonhei em conhecer Portugal,
terra de meu saudoso pai, e hoje estou aqui”.
Não podemos esquecer que em nossa profissão temos que conviver com as
eventualidades das estradas. Lembro-me de uma situação curiosa, na qual tive um
problema mecânico no ônibus, em pleno sertão nordestino! O horário? Quatro da
manhã. O celular? Não funcionava! Não passava uma viva alma pelo local. O que
fazer? O primeiro desafio era o de manter todos calmos e seguros até que
conseguíssemos solver a questão. A cerca de 100 metros do local havia uma casa,
fui até lá e pedi para os moradores me ajudarem me cedendo o fogão para fazer
um café, a srª Me disse: “ moço, ajudo sim, mas temos que fazer o fogo (o fogão
era a lenha) fui ajudar a fazer o fogo (até hoje ainda não aprendi rs) e
fizemos o café, chamei os passageiros, ficamos no pátio da casa e vimos um dos
mais lindos nascer do sol de minha vida, com um café tipicamente nordestino.
Quando estamos com nossos passageiros temos que transformar expectativas e
sonhos em realidade. Se o guia tem 40 passageiros, são 40 universos diferentes
e o desafio é transformar grupos heterogêneos em grupos mais homogêneos
possível. Temos a missão de levar e de trazer pessoas em segurança para seus
lares e familiares, temos a missão de informar de maneira lúdica e
principalmente de fazer a conexão do turista com o local o qual ele esta
visitando.
Com isto, percebemos que a missão do guia de turismo é árdua e complexa e que
este precisa renunciar, muitas vezes, à própria vida social e pessoal. Viajamos
acompanhando grupos e pessoas em momentos de festa e confraternização, como:
Natal, Reveillon, Semana Santa, Carnaval, férias escolares, etc., e não
entendam isto como uma reclamação, mas como esclarecimento de que muitas vezes
a profissão chega a ser um sacerdócio, e sacerdócio fazemos com e por amor.
E é em nome deste amor que eu e meus colegas nos esmeramos para oferecer aos
nossos turistas, e futuros amigos, o melhor de nós, pois, é impagável ver o
sorriso, a emoção de um turista ao visitar e conhecer aquele local que durante
muitos anos habitava apenas o imaginário daquela pessoa, e que nós ajudamos a
tornar realidade. Para mim, Levi Freire Jr, é maravilhoso receber um abraço e
ouvir um muito obrigado, pois, a missão foi cumprida!
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